Artista Gerson Reichert - Currículo do Artista
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Gerson Reichert
GERSON REICHERT
Gerson Reichert (1967-2012) residiu e trabalhou em Porto Alegre (RS). Estudou artes plásticas no Instituto de Artes da UFRGS. Recebeu em 2008 o Prêmio Cultura RBS Artista Revelação e o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas também como Artista Revelação pela mostra Humboldt Revista no Atelier Subterrânea na capital gaúcha em 2007.
Ainda em 2008 é contemplado como Destaque na Bolsa Iberê Camargo, sendo um dos 10 artistas a ter sua obra divulgada no site da Fundação Iberê Camargo.
No ano de 2009 teve seus trabalhos publicados em edição especial comemorativa aos 50 anos da revista alemã Humboldt. Participou em 2010 da coletiva Diálogos Ampliados em parceria com o artista Carlos Asp no Paço Municipal de Porto Alegre, exposição indicada ao V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.
A PINTURA
Renato Heuser (*)
Das muitas possibilidades na pintura, ao autor interessa o sentimento, a sensação, tornados matéria. Nos trabalhos recentes de Gerson Reichert, não interessa a ilusão de volume ou perspectiva. Se nos seus desenhos anteriores a essa série de pinturas, esse fascínio, pode ser constatado pela sua palheta rica, a pintura aqui não é representativa, é ela mesma, existe.
A pintura de Gerson é predominantemente não-figurativa, onde os elementos são ordenados ora de forma intuitiva, ora determinados pelo próprio desenrolar dos "acontecimentos" pictóricos. A ele tampouco possui ela um "centro de atenção": é uma pintura plana, a superfície é dinamizada por signos pintados, cinéticos, em várias direções, coloridos, golpes de pincel, camadas, transparências, enfim, é o exercício pleno do ato físico de pintar. O gesto e a forma, a própria massa de tinta encerra o gesto, matéria, forma e luz, isoladamente e em conjunto, dimensionam a superfície e lhe conferem unidade. A ordem dos elementos é constantemente alterada, elegantemente subvertida, preservando o frescor, os sucos da pintura, até o momento de decidir parar de pintar. É a pintura descrevendo-se a si mesma.
Na pintura não existe uma interface. Pintura, como o desenho, por exemplo, é um meio de expressão plástica direto, tem a ver com cozinha, com química, com mais ou menos energia física, com sucos e sensualidade. A tinta em si só encerra possibilidades. Por ela mesma, já se bastaria. Suporte, fixação no suporte. Pintar com o corpo todo, os sentidos a pleno. Com prazer. Existe aqui uma profunda intimidade. Conhecimento dos materiais, procedimentos intransferíveis. Quer dizer, o autor é inteiramente responsável pelo que produz. Se o resultado não é bom, não tem a quem culpar, por isso, o pintor se expõe.
Talvez seja a pintura uma forma de ritual, como são as refeições, os ritos sociais, ou?...Gritos silenciosos. Para o autor, a pintura seria impossível sem o envolvimento físico com o material. Ismos a parte, Gerson é colorista. ORGANISMO! Uma forma de manter a unidade, a sintonia do físico com o espiritual: os sentimentos que levam a pintar, talvez. Essa organicidade tem a ver com o material, tintas, pigmentos, que o autor manipula, trabalha e depura. O resultado é uma pintura onde não há ilusão, é uma pintura plana, que grita silenciosamente. Exercício de visualidade: são as próprias formas e pinceladas que descrevem e determinam a ordem do quadro. É a ordem em si mesma. A profundidade é mais do espírito com o qual o autor pinta do que do ato, superfície. Elegância e refinamento, são áreas de cor, muito bem feitas. As pinturas de Gerson são suculentas.
No mundo do pintor, o ofício. O mundo do pintor é o seu ofício. As pinturas resultantes são o registro, nesse caso, colorido dessa ação. Existe esse lado do prazer e também o da tensão, impossível aqui queimar etapas. Mais uma vez, não se pode culpar a interface porque não existe uma. Mais do que o assunto da pintura, a Gerson interessa o "como" pintar, as tintas, nesse caso o óleo, o pincel, descrevem sua própria história....
(*)Renato Heuser é artista visual e professor do Instituto de Artes/UFRGS
O DESENHO
Carlos Asp.(*)
Conheci os desenhos e pinturas de Gerson Reichert em 2004, no atelier coletivo da Cidade Baixa em Porto Alegre, onde um desenho sólido e seguro existia já com ele. Intimidade visível, articulando ideias, campos cortados. Entrecruzados. Sós.
Logo reconheci em seu modo calado de ser, introspecção solitária e fôlego invejável para investigar no ato. Não havia desenho para ser pintura, mas sim, desenho para além da pintura.
E comecei a trabalhar por uns dois meses no mesmo espaço aprendiz de ser pintura, também. Em julho/agosto de 2005 pude ver mais e agora sei dele, que `constrói pintura como um corpo além da imagem. Conceito e forma nascem juntos. Síntese no momento.` (G.R.)
Vejo agora (2006) pintura que tem movimento interior. Multiplanos. Ambivalência. Então, na pintura dê um salto no ar, `move on`!!! Ser em tempo real. Mediação.
Quando desenho, deixe-se escorregar e tateando com os olhos do corpo, experimente conhecer como se fosse invadido pouco a pouco. Não resista mais. Entregue-se ao desenho que está em toda a parte com Gerson Reichert.
(*) Carlos Asp é artista visual