Artista Heitor dos Prazeres - Currículo do Artista
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Heitor dos Prazeres
HEITOR DOS PRAZERES
Na”encruza” das artes visuais, samba, moda e macumba, Heitor dos Prazeres (1898-1966) se fez presente nas ruas da “Pequena África” carioca e nos entornos da praça XI, no Rio de Janeiro, durante a primeira metade do século 20 até o seu falecimento em 1966. Um artista multifacetado que se debruçou sobre a pintura figurativa e compôs canções de samba e cantigas de terreiro, além de ter elaborado figurinos para shows e espetáculos, como o Ballet do IV Centenário de São Paulo em 1954.
Festejos. Rodas de samba. Mesas de bar. Brincadeiras de bairro. O dia a dia. Suas obras nos convidam a olhar a vida pulsante da população negra carioca daquele tempo, seja no contexto rural, seja nos centros urbanos. A partir da técnica de óleo/guache sobre tela, o artista expressa na maioria das obras a presença de pessoas negras em diversas situações do cotidiano, unindo a paleta de cores diversificadas a linhas bem delineadas e cheias de movimento. “Mano Heitor”, como às vezes era chamado, criou imagens de grande simbolismo e força expressiva.
Compositor nato, de letras de samba e marchas de Carnaval, o artista esteve presente na fundação de agremiações do Rio de Janeiro, como Estácio de Sá, Mangueira e Portela. Ele usou de sua intelectualidade no campo da música para desenvolver uma identidade visual singular na pintura. Os gestos pujantes presentes em sua obra pictórica, como é o caso das pessoas retratadas de cabeça erguida e com vestimentas coloridas, levaram-no a expor três trabalhos na I Bienal de São Paulo, em 1951.
“A minha pintura são coisas que passaram por mim e eu passei por elas”, enunciou Heitor dos Prazeres. Por meio de pinceladas bem definidas, o artista (a)firma a experiência negra em sua plenitude do viver. A sensibilidade no olhar de Heitor para com o seu entorno o torna um importante agente da arte afrodiaspórica. Sua pintura rompe com o arquivo da escravidão, desafiando a iconografia colonial produzida sobre o negro, seja pelos artistas europeus do século 19, seja pelos(as) pintores(as) modernistas no pós-abolição.
Sob uma perspectiva radical negra, as obras plásticas e musicais de Heitor dos Prazeres projetam uma arte que não foi circunscrita pela colonialidade e outras normas de exclusão racial.
Como pintor, ele participou de uma exposição internacional em benefício das vítimas da Segunda Guerra Mundial, em Londres, na Inglaterra. Nessa coletiva com artistas de vários países, participou com a tela”Festa de São João”. O quadro foi adquirido pela então princesa Elizabeth, hoje rainha da Inglaterra.
(https://36.bienal.org.br/artista/heitor-dos-prazeres/ - Guilherme Fernandes)
Foi com Heitor dos Prazeres que o estilo conhecido como arte naïf (niciado por Cardosinho em 1920) e que quer dizer instintiva, ingênua e se caracteriza pelas cores fortes, vibrantes e pelo gosto pela descrição minuciosa realmente ganhou força como moviento brasileiro em 1950.
Destaques da obra e carreira:
- Arte naïf: Heitor dos Prazeres é um representante da arte naïf, sendo um artista autodidata que não teve formação acadêmica em artes visuais. Suas obras são marcadas pela simplicidade, cores vibrantes e representação detalhada do cotidiano.
- Temática: Sua obra é um retrato do mundo do samba e da vida da comunidade negra no Rio de Janeiro, com cenas de rodas de samba, bailes, festas e o cotidiano das pessoas.
- Reconhecimento:
- Ganhou projeção nacional ao receber o terceiro lugar para artistas brasileiros na 1ª Bienal de São Paulo em 1951, com a obra "Moenda".
- Na Bienal seguinte, em 1953, teve uma sala especial dedicada ao seu trabalho.
- A Rainha Elizabeth II comprou o quadro "Festa de São João" em uma exposição em Londres, em 1943, o que impulsionou sua fama no exterior.
- Música:
- Paralelamente à pintura, foi um importante compositor de sambas, participando da fundação das primeiras escolas de samba do Rio, como a Mangueira.
- Compôs músicas famosas, como "Pierrô Apaixonado" em parceria com Noel Rosa.
- Sua conexão com a música e o samba está presente em suas telas, com instrumentos musicais e danças frequentemente retratados.